Nossa história não é de desistência, mas de superação
Hoje escrevo movido por um sentimento de profundo respeito pela nossa história científica. Esta semana, fizemos uma sessão especial no Senado Federal para homenagear o pioneirismo da biofísica no Brasil e o legado de Carlos Chagas e Carlos Chagas Filho .Valorizar a história é reafirmar um compromisso estratégico com o país. Este ano, comemoramos os 115 anos de nascimento de Carlos Chagas Filho. É impossível não refletir sobre o legado que moldou a ciência brasileira e pavimentou caminhos que seguimos até hoje.
A trajetória da biofísica nacional é também a trajetória da construção de um Brasil soberano. Um Brasil que entende que ciência não é luxo, nem capricho, mas é investimento, autonomia e desenvolvimento. É exatamente essa visão que guiou pioneiros como Carlos Chagas e Carlos Chagas Filho, dois gigantes que transformaram conhecimento em políticas públicas, pesquisa de excelência e projeção internacional para o nosso país.
Por que a biofísica mudou o Brasil
Quando falamos em biofísica, falamos de uma área que conecta física, biologia e tecnologia para responder às perguntas mais fundamentais sobre a vida. Foi essa integração que permitiu ao Brasil desenvolver ciência de ponta no início do século XX, quando muitos acreditavam que um país emergente não teria condições de competir globalmente.
Carlos Chagas, ao transformar o Instituto Oswaldo Cruz em um polo de inovação biomédica, mostrou que ciência é, antes de tudo, serviço à vida. Seu filho, Carlos Chagas Filho, deu continuidade a esse legado ao fundar o Instituto de Biofísica da UFRJ, hoje, uma das instituições mais importantes do mundo na formação de cientistas, em pesquisas de neurociência, farmacologia, nanotecnologia, imunologia e terapias avançadas.
O Instituto de Biofísica apresenta oito décadas formando pesquisadores que atuam nas melhores universidades do mundo, realizando descobertas fundamentais para a saúde pública, a inovação tecnológica e a sustentabilidade.
A liderança de Carlos Chagas Filho extrapolou fronteiras. Ele representou o Brasil nas maiores academias científicas internacionais e presidiu, por 16 anos, a Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, levando nosso país ao centro dos grandes debates globais da ciência.
E completamos ainda os 89 anos da Sociedade Brasileira de Biofísica, a mais antiga sociedade de biofísica do mundo, prova incontestável da maturidade científica brasileira.
Biofísica é soberania
Em ciência, não existe desenvolvimento sem instituições fortes. Por isso, esta homenagem não é apenas a dois nomes extraordinários, mas a todos os pesquisadores brasileiros que, com pouco ou muito recurso, continuam transformando adversidade em inovação.
Como senador, afirmo que a ciência precisa ser política de Estado. Por isso, apresentei dois Projetos de Lei que reforçam esse compromisso:
PL 3.967/2024: Inscreve Carlos Chagas no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
PL 138/2024: Institui o Dia Nacional do Biofísico, celebrado em 12 de setembro.
Essas medidas são símbolos, mas também são instrumentos de memória e valorização porque países que esquecem seus cientistas não constroem futuro.
O futuro do Brasil passa pela ciência
A biofísica inaugurou um modelo de pesquisa experimental que segue vivo e necessário. Ela nos ajudou a criar bases para autonomia sanitária, para tecnologias estratégicas e para respostas a desafios como pandemias, doenças negligenciadas, biotecnologias e medicina avançada.
E é justamente nesse ponto que reforço minha convicção:nenhuma nação decide seu futuro sem dominar conhecimento. Nenhuma economia cresce de forma sustentada sem ciência forte.
Como astronauta, testemunhei de perto o quanto o domínio científico transforma países em protagonistas mundiais. Como senador, sigo trabalhando para que o Brasil ocupe o lugar que merece. Isto é, não como espectador, mas como líder em ciência, tecnologia e inovação.
Comemoramos o passado, mas, acima de tudo, reforçamos o futuro. Um futuro onde ciência, educação, pesquisa e tecnologia formam a base de um Brasil soberano.
Que o legado de Carlos Chagas e Carlos Chagas Filho siga iluminando nossas decisões e inspirando novas gerações de cientistas, professores, estudantes e gestores públicos.
Viva a Ciência Brasileira. Viva a Biofísica. Viva o Brasil.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG








