Nem os próprios motoristas foram avisados previamente da mobilização, o que gerou confusão nos terminais e pontos de ônibus da cidade. Muitos usuários, pegos de surpresa, aguardaram sem informações claras sobre a retomada do serviço.

De acordo com o presidente do sindicato, Demétrio Freitas, a decisão foi tomada após reunião realizada na terça-feira (21) entre a entidade e diretores do Consórcio Guaicurus. Segundo ele, o objetivo foi pressionar o cumprimento do pagamento do adiantamento salarial, que corresponde a 40% dos vencimentos. “A categoria está esgotada. O pagamento não foi feito no prazo, e se o adiantamento não for depositado até segunda-feira, os ônibus não vão sair das garagens novamente”, afirmou Freitas.

Nos bastidores, a ação é interpretada como uma manobra articulada entre o sindicato e o Consórcio Guaicurus para pressionar a Prefeitura a aceitar o reajuste da chamada tarifa técnica — o valor que representa o custo integral do serviço e que é pago pelo Município como subsídio. O vereador Maicon Nogueira é um dos que defende essa tese.

A Prefeitura ainda não se pronunciou oficialmente sobre o episódio, mas vereadores já discutem a criação de um Fundo Municipal do Transporte, para que os recursos destinados ao sistema sejam aplicados exclusivamente nessa área, garantindo mais transparência e previsibilidade.

Por volta das 7h, os ônibus voltaram a circular normalmente, mas a tensão entre motoristas, empresa e poder público segue alta. Caso o impasse não seja resolvido até o início da próxima semana, Campo Grande poderá enfrentar uma nova paralisação do transporte coletivo na segunda-feira (27).