quarta-feira, 8 de outubro de 2025

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Após declaração de Trump sobre café brasileiro, Cecafé vê chances dos EUA suspenderem taxas

O diretor executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, avaliou de forma positiva o encontro online entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump, realizado na última segunda-feira (6).

Durante a conversa, Trump teria afirmado que os Estados Unidos estão sentindo falta do café brasileiro, o que, segundo Matos, reflete os impactos negativos da recente taxação de 50% sobre os produtos do Brasil na economia norte-americana.

“Isso se deve a uma ação intensa do setor privado, que demonstrou toda a importância do café brasileiro, líder no abastecimento do mercado norte-americano, e essencial na composição dos blends consumidos nos EUA. Cerca de 75% dos americanos tomam café, com uma média de três xícaras por dia. Os Estados Unidos são o maior consumidor do mundo, e o café brasileiro representa cerca de 35% desse mercado”, afirmou o diretor do Cecafé.

De acordo com Matos, a ausência do produto brasileiro nos Estados Unidos gerou uma tensão nos preços globais.

“O impacto da falta do café brasileiro e o ruído causado no mercado global, após a imposição da tarifa, resultaram em fortes altas de preços. Na Bolsa de Nova York, quando foi formalizada a ordem executiva direcionada ao Brasil, o café estava cotado a 284 centavos de dólar por libra-peso. Hoje, está em 390 centavos, um aumento de mais de 40%”, explicou.

Com a tarifa de 50%, as exportações brasileiras para os Estados Unidos se tornaram praticamente inviáveis e, consequentemente, houve impacto no preço do café para o consumidor americano.

“Em agosto, reduzimos as exportações em 46%, e em setembro, em 56%. Esse impacto chegou diretamente ao consumidor americano. A inflação do café nos EUA foi nove vezes superior à média da inflação geral em agosto, e estamos observando o mesmo fenômeno neste mês”, destacou Matos.

Perspectivas

Segundo o executivo, a conversa entre Lula e Trump abre novas perspectivas para o setor, já que o café se enquadra nos requisitos para isenção de taxação, conforme regras recentemente definidas pelo governo norte-americano.

“Vale lembrar que o café já foi reconhecido como um produto natural não disponível nos EUA, na ordem executiva de 5 de setembro. Isso cria um grande potencial para isentar as tarifas sobre o café brasileiro, desde que haja um acordo bilateral entre os países. Essa reunião — e outras que devem ocorrer presencialmente, abre um novo tabuleiro, como se estivéssemos começando uma partida de xadrez”, comparou.

Para Matos, o setor privado terá papel fundamental no avanço das negociações. “Estamos esperançosos e mais otimistas, mas com cautela. Ainda há imprevisibilidade e componentes políticos em jogo. O setor privado precisa continuar apoiando o setor público para abrir portas e formalizar o que mais desejamos: a isenção das taxas sobre o café brasileiro nos Estados Unidos”.

www.canalrural.com.br

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