Uma companhia aérea do Canadá, a WestJet anunciou uma mudança polêmica: seus novos aviões terão assentos fixos, que não reclinam. Segundo a empresa, a ideia é “preservar o espaço pessoal dos passageiros”, evitando o incômodo de quem sofre quando o assento da frente é reclinado demais. Mas, na prática, o que a companhia ganha é mais espaço para incluir novas fileiras e lucrar ainda mais.
O novo modelo de cabine da WestJet traz poltronas redesenhadas, com apoio lombar, encosto de cabeça ajustável e entrada de energia individual, tudo para compensar o fim da reclinação. Só que o discurso de “conforto” não convenceu todo mundo. A notícia provocou revolta nas redes sociais e reacendeu um debate antigo: até que ponto as companhias podem cortar serviços em nome da eficiência?
Segundo a empresa, aa promessa é que, mesmo sem reclinação, o passageiro se sinta confortável durante todo o voo. A WestJet também vai ampliar a oferta de lugares “Extended Comfort”, com mais espaço para as pernas, e modernizar a classe premium com poltronas semelhantes às usadas em outras aeronaves, que continuam reclináveis.
E é nesse momento que a gente entende o verdadeiro objetivo da companhia aérea: lucrar cada vez mais. A ideia é simples: padronizar todos os assentos com o mínimo de conforto possível e transformar qualquer melhoria em serviço pago à parte. E o pior é que isso já não é mais exclusividade das companhias de baixo custo. A Avianca, por exemplo, já faz o mesmo em voos entre o Brasil e a Colômbia, como nas rotas Rio–Bogotá e São Paulo–Bogotá (que duram cerca de seis horas), sem que o passageiro possa reclinar a poltrona. Quem quiser um assento que reclina precisa pagar a mais por isso.
Ou seja: o que antes era conforto básico, virou serviço extra. Reclinar o assento, despachar a bagagem, escolher onde sentar, servir lanche de bordo ou até usar o bagageiro de mão (tudo o que antes estava incluído na passagem) hoje é cobrado à parte.
As companhias defendem que estão “democratizando o acesso às viagens”, oferecendo tarifas mais baratas para quem quiser abrir mão de certos confortos. Mas, na prática, o que vemos é o passageiro pagando cada vez mais por menos.
Depois da mala, do assento, e do lanche, agora é a vez da poltrona.
E a pergunta que fica é: onde vamos parar? O que mais ouço nas minhas resdes sociais é que daqui a pouco vão deixar a gente ir levando apenas a roupa do corpo… e sinceramente?! Acho que não estamos longe!
O problema é que, de pouquinho em pouquinho, a gente vai normalizando essas pequenas mudanças, que, num futuro bem próximo, vão se tornar grandes. E quando a gente perceber, já vai achar normal não poder levar bagagem, não ter lanche, não escolher o assento e nem reclinar a poltrona. Ou seja, o problema não é só o que tiraram agora, é o quanto a gente está se acostumando a perder…