O Reino Unido poderá suspender vistos de países que se recusarem a receber de volta seus cidadãos em situação irregular. A medida foi defendida pela nova ministra do Interior, Shabana Mahmood.
Ao jornal Independent, Shabana disse que pretende adotar uma linha mais dura do que sua antecessora, Yvette Cooper.
“Vou mais longe e mais rápido. Não sou o tipo de pessoa que fica esperando. Farei o que for preciso para manter nossas fronteiras”, afirmou.
A ministra classificou como “completamente inaceitável” o número de migrantes que cruzaram o Canal da Mancha em 2025, já acima de 30 mil.
Segundo ela, o Reino Unido tem dialogado com os aliados da aliança “Five Eyes”, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, sobre medidas conjuntas.
“Isso significa incluir a possibilidade de cortar vistos no futuro. Esperamos que os países cumpram as regras. Se um de seus cidadãos não tem direito de permanecer aqui, eles precisam aceitá-lo de volta”, disse.
Shabana também apontou falhas no atual equilíbrio entre segurança de fronteiras e direitos humanos.
“Estamos analisando mudanças em nossa legislação e em como a Convenção Europeia dos Direitos Humanos é implementada. O equilíbrio não está no lugar certo neste momento”, afirmou.
Apesar disso, ela descartou abandonar a convenção, alertando que isso traria “consequências que não seriam do interesse nacional”.
Entre as propostas em estudo está a transferência de solicitantes de asilo de hotéis para instalações militares, após protestos contra a presença de imigrantes em áreas residenciais. O secretário de Defesa, John Healey, confirmou que o Ministério da Defesa já avalia possíveis locais.
A ministra também defendeu o uso de documentos de identidade para reforçar o controle migratório, embora tenha evitado dizer se a medida será obrigatória.
“Este é um governo trabalhista com políticas trabalhistas. Temos discutido isso há algum tempo e é claro para mim que precisamos de uma abordagem firme”, declarou.
A nova postura ocorre em meio à pressão política do Reform UK, que propõe deportar 600 mil pessoas em cinco anos, e ao aumento do discurso conservador pedindo medidas mais severas.
O secretário-sombra do Interior, Chris Philp, criticou a demora do governo trabalhista:
“Já passou da hora de parar de falar duro e começar a agir com dureza. Qualquer país que não aceite de volta seus cidadãos deve ter a emissão de vistos suspensa”.