quarta-feira, 3 de setembro de 2025

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A verdadeira ameaça à democracia começa hoje

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. À tribuna, em discurso, senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP).
Waldemir Barreto/Agência Senado

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. À tribuna, em discurso, senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP).

Hoje, 2 de setembro de 2025, não posso simplesmente chamar este dia de “grande dia”. O que acontece no Brasil neste momento é um verdadeiro atentado contra o Estado Democrático de Direito. O início do  julgamento do Presidente Jair Bolsonaro é um ataque direto ao direito de todos os brasileiros de viver em liberdade e de expressar suas ideias sem medo.

Eu conheço Bolsonaro, é verdade, mas não escrevo aqui por amizade ou emoção. A minha emoção de ver um amigo ser injustiçado, a minha decepção e raiva, precisam dar lugar à razão. Escrevo como cidadão, como Senador, como alguém que ama este país. Por que esse julgamento está acontecendo? Por mais esforço que eu faça, não consigo achar uma razão lógica e sólida para as condenações que tivemos, com pessoas presas e direitos humanos infringidos.

O que me indigna é ver um julgamento construído sobre narrativas frágeis, sem provas concretas, que ferem os princípios básicos da justiça. As narrativas de golpe que circulam desde 8 de janeiro de 2023 constroem toda essa situação com Bolsonaro e com tantas outras pessoas que foram injustiçadas, presas e condenadas. E, se isso pode acontecer com elas, pode acontecer com você também!

E eu pergunto: que tipo de golpe é esse em que pessoas desarmadas, com bíblia e bandeira na mão, foram tratadas como se representassem uma ameaça militar? Um golpe precisa de armas e de um sistema organizado para acontecer. Nunca vi alguém ser preso por “pensar” em cometer um crime. Que tentativa mais frustrada é essa, com alguns infiltrados quebrando coisas?

As imagens das câmeras do Ministério da Justiça, que tiveram os vídeos escondidos, por que não foram mostradas? Por que as mensagens não foram vistas antes, como já foi demonstrado no Congresso?

É inacreditável! Não existe um golpe.

E a partir de uma coisa inexistente, toda uma cadeia de acontecimentos prejudica a vida de tanta gente. O ex-presidente será julgado por uma coisa inexistente. Que tipo de justiça é esta que temos no Brasil?

Que democracia é essa em que um único homem concentra em si o papel de vítima, investigador, acusador e juiz? A tirania de um, o verdadeiro atentado ao Estado Democrático de Direito. Qualquer pessoa consegue enxergar que o que está acontecendo está tudo muito errado. Vivemos numa ditadura. Bolsonaro está a ser julgado por atentado violento ao estado democrático de direito. Mas, pergunto eu, será que esse atentado violento não está a acontecer AGORA? Com pessoas com medo de sair à rua, com medo de se expressar, com medo de se manifestar.

Eu vejo a dor que o povo brasileiro sente: famílias destruídas, pessoas presas injustamente, vidas ceifadas dentro do cárcere, como a do Clezão. Enquanto isso, criminosos confessos, assassinos, corruptos que roubaram bilhões, voltam para casa no dia seguinte. Essa balança da justiça está desequilibrada e todos nós estamos pagando o preço. Atualmente, portar um batom é mais perigoso que uma arma.

Quem, na verdade, deveria ser julgado e condenado por atentado ao estado democrático de direito?

Temos visto um Congresso Nacional refém e um Supremo Tribunal Federal como se tivesse um rei. O que quase 600 parlamentares (513 deputados e 81 senadores), que representam a população do Brasil, decidem, é posto de lado por uma “interpretação” da Constituição que permite tudo. Isso não é democracia, é um estado de exceção, é um atentado ao Estado Democrático de Direito.

Precisamos mudar muita coisa neste país.

A Regra de Pareto, conhecida como princípio 80/20, ensina que a maior parte dos resultados (cerca de 80%) costuma vir de uma pequena parte das causas (aproximadamente 20%). Essa ideia mostra que poucos fatores, os chamados “poucos vitais”, são responsáveis pela maior parte dos efeitos. Por isso, a regra é usada para ajudar a concentrar esforços nas ações que realmente geram impacto. O que realmente tem eficiência é a integridade: pensar, falar e fazer as coisas na mesma direção.

Essa mudança está ligada ao que tanto falei no início do ano, quando fui candidato à presidência do Senado: a necessidade de anistia, de fim do foro privilegiado, e de iniciar um processo de impeachment de Alexandre de Moraes. Que o povo tenha o direito de colocar isso para votar!

2026 está ai! Um ano de eleição para 54 senadores. Pensem muito bem: procurem pessoas íntegras, com um passado honesto, com uma carreira fora da política para trazer experiência para o Congresso.

Hoje, o país tem que ficar chateado. Não se trata de defender um partido ou uma ideologia. Não se trata de gostar do Bolsonaro ou não. Vivemos um momento de tentativa de colocar medo nas pessoas que discordam, que têm a coragem de ir contra o sistema.

Trata-se de defender a liberdade. Porque se hoje calarem Bolsonaro, amanhã podem calar você, que ousa pensar diferente, professar sua fé ou simplesmente questionar o sistema.

Lembro-me da frase de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto…”

O meu Brasil, o seu Brasil, não pode virar um país assim!

O Brasil tem tudo para ser o melhor país do mundo. Mas para isso precisamos resgatar a independência entre os poderes, restaurar a confiança na justiça e devolver ao povo a certeza de que vale a pena ser honesto, de que vale a pena lutar.

Eu sigo acreditando que a verdade sempre prevalece. Não importa se demore 10 anos. Espero que não seja tarde demais.

Como Gandhi disse “A história teve assassinos, ladrões e tiranos e, por um tempo, eles pareciam invencíveis. Mas no final, eles sempre caíram.”. Sempre. 

A verdade prevalecerá. Isso vai mudar, a justiça vai prevalecer e o Brasil será livre de novo. Goste ou não, seja de direita ou não, temos que lutar juntos para preservar a nossa liberdade. A nossa liberdade neste país é sagrada e precisa voltar.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG

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