Posição das teclas “F” e “J” ajudam a posicionar os dedos na digitação
Seja no trabalho, nos estudos, em chats com amigos ou até em jogos online, seus dedos passam pelo teclado todos os dias. Nessa rotina um detalhe pode passar despercebido, apesar de presente em quase todos os computadores do mundo: os relevos nas teclas “F” e “J”.
Não são só marcas de fábrica. São atalhos para digitar com mais velocidade, precisão, conforto. Um mapa tátil que remonta a era das máquinas de escrever, e que ainda molda a maneira como teclamos hoje em dia.
Os pequenos traços em alto-relevo encontrados nas teclas “F” e “J” dos teclados servem como pontos de referência táteis para posicionar corretamente os dedos indicadores sem a necessidade de olhar, uma técnica que otimiza a digitação, melhora a postura e auxilia pessoas com deficiência visual.
Essa característica, herdada das antigas máquinas de escrever, foi projetada para facilitar a chamada ” digitação cega “, método que se popularizou no final do século XIX e que se baseia na memória muscular para aumentar a velocidade e a eficiência ao digitar.
Posição das teclas-guia está diretamente ligada ao layout do teclado QWERTY
A lógica por trás dos relevos é simples: ao posicionar os dedos indicadores sobre as teclas “F” e “J”, as mãos se acomodam naturalmente na posição base de digitação.
A mão esquerda repousa sobre as teclas “A”, “S”, “D” e “F”, enquanto a direita cobre “J”, “K”, “L” e “Ç” (ou ponto e vírgula, dependendo do layout), com os polegares sobre a barra de espaço.
Essa disposição permite que todos os dedos participem ativamente do processo, evitando o método mais lento com os dedos indicadores.
O mesmo princípio se aplica ao teclado numérico, onde a tecla “5” possui um relevo para servir como ponto central de referência.
A origem do layout QWERTY
A posição dessas teclas-guia está diretamente ligada ao layout de teclado mais comum do mundo: o QWERTY.
O nome vem das seis primeiras letras da fileira superior e sua criação, na década de 1870, é atribuída ao inventor estadunidense Christopher Latham Sholes.
Uma teoria popular sugere que o QWERTY foi desenhado para separar pares de letras frequentemente usados no inglês, como “TH”, para evitar que as hastes das máquinas de escrever mecânicas travassem ao serem acionadas em rápida sucessão.
No entanto, a disposição também atendeu às necessidades dos operadores de telégrafo da época, que transcreviam código Morse. A proximidade entre “Z”, “S” e “E”, por exemplo, ajudava a evitar erros de transcrição, já que os códigos para “Z” e “SE” eram semelhantes no código Morse estadunidense.
O sucesso do QWERTY foi consolidado por uma parceria comercial com a empresa de armas E. Remington and Sons, que começou a produzir e vender as máquinas de escrever em massa, além de oferecer cursos de datilografia que estabeleceram o padrão no mercado.
Maquina de escrever Hermes Baby com padrão AZERTY
Apesar de sua dominância, o QWERTY não é considerado o layout mais eficiente. Em 1932, o psicólogo August Dvorak patenteou um teclado alternativo que agrupava as letras mais usadas para permitir uma digitação mais rápida, tese comprovada por estudos posteriores. Contudo, o padrão QWERTY já estava tão estabelecido que seu concorrente não conseguiu superá-lo.
Hoje, embora os teclados físicos sejam majoritariamente QWERTY, sistemas operacionais de computadores e celulares oferecem o layout Dvorak e outras variações, como o AZERTY (francês) e o QWERTZ (alemão), como alternativas virtuais.