quarta-feira, 13 de agosto de 2025

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A urgente necessidade de estruturação da IA no Brasil

divulgação / CNI

Senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)

Nesta terça-feira, 12 de agosto,  participei do Seminário “Marco Legal da Inteligência Artificial – O Caminho Setorial”, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Durante o evento, destaquei a importância de termos uma abordagem estruturada e colaborativa para o desenvolvimento e a regulamentação da Inteligência Artificial (IA) no Brasil. 

Como ex-Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (2019-2022), sei que não podemos perder tempo nesse assunto. Para explicar o cenário atual e os desafios que temos pela frente, usei uma analogia:

A represa da IA já está vazando

A Inteligência Artificial é como uma grande represa que já apresenta rachaduras e começa a vazar. O desenvolvimento não vai parar — ele já começou e está acontecendo em todos os lugares, no Brasil e no mundo. A questão não é se essa represa vai arrebentar, porque ela vai, devido à evolução exponencial da tecnologia. O que precisamos decidir é como vamos canalizar essa força para gerar benefícios para o país, evitando que se transforme em uma enxurrada descontrolada que cause prejuízos. Não podemos ficar despreparados e deixar que os efeitos negativos superem os positivos.

Não é hora de frear, mas de direcionar

Não podemos simplesmente deixar que essa “água” se espalhe sem controle, pois o estrago social e econômico seria enorme. Por outro lado, também não podemos tentar “segurar” a evolução da IA, porque ela avança a cada segundo. O caminho é fazer o “contorno do rio”, definindo até onde queremos permitir e para onde vamos direcionar esse desenvolvimento no Brasil.

Os benefícios são imensos

A IA pode acelerar diagnósticos de doenças, melhorar processos industriais, aumentar a produção agrícola, trazer mais eficiência para o setor público e criar novos postos de trabalho de alta qualidade. Mas é preciso reconhecer que haverá transições que podem impactar empregos em algumas áreas. Por isso, devemos trabalhar para que a IA seja um assistente, e não um substituto do nosso cérebro.

Os riscos que precisamos enfrentar

Medo do desconhecido: Não podemos nos afastar da IA. É conhecendo que teremos controle.

Evolução exponencial: A legislação não consegue acompanhar sozinha a velocidade da inovação.

Excesso de confiança: Assim como confiar cegamente no GPS pode nos levar a caminhos errados, depender totalmente da IA é perigoso.

Aprendizado da IA com o usuário: Ela reproduz o que recebe. Se alimentada com preconceito ou conteúdo nocivo, vai replicar isso.

Proteção de dados e segurança cibernética: Precisamos preparar nossas crianças para o mundo digital e seus riscos.

Propostas para o futuro

Planejar o desenvolvimento da IA de forma integrada entre todos os setores.

Formar profissionais em IA e segurança cibernética, fortalecendo universidades, escolas técnicas e instituições como o SENAI.

Investir em infraestrutura para receber grandes bancos de dados de IA, aproveitando nossa vantagem em energia renovável e transmissão de dados.

Fomentar startups e preparar a força de trabalho para a transição de empregos.

Garantir responsabilidade compartilhada entre fornecedor e usuário.

Ir além da legislação, trabalhando também na autorregulação, educação e cultura digital.

O tempo está correndo

O tempo está passando e a rachadura dessa represa está aumentando. Ou tomamos as decisões corretas agora para usar a IA da melhor forma possível, ou vamos pagar um preço muito caro na competitividade frente aos países que já estão se preparando. Essa não é uma questão de partido ou ideologia, mas uma questão de Brasil. E exige que trabalhemos juntos, para que possamos construir um futuro melhor para todos.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG

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