A disputa judicial entre a comediante e empresária Juliana Oliveira e o apresentador Otávio Mesquita ganhou um novo capítulo nesta semana. Em manifestação apresentada à 11ª Vara Cível de Santo Amaro, em São Paulo, a humorista ingressou com reconvenção — resposta judicial que também apresenta uma nova demanda — pedindo indenização de R$ 150 mil por danos morais. As informações foram divulgadas inicialmente pelo G1.
*Esta reportagem aborda temas relacionados a abuso sexual e assédio, que podem ser sensíveis para algumas pessoas. Caso se sinta desconfortável, recomendamos cuidado na leitura.
O caso tem origem em uma denúncia de estupro feita por Juliana, que trabalhou como assistente de palco no programa “The Noite”, do SBT. Segundo ela, durante a gravação de 2016, Mesquita a teria agarrado e apalpado sem consentimento, diante de dezenas de pessoas no estúdio. A humorista afirma ter resistido fisicamente aos atos.
O Ministério Público de São Paulo acolheu a representação apresentada pela defesa de Juliana em março deste ano e solicitou à Polícia Civil a abertura de um inquérito para apurar os fatos. O procedimento está sob responsabilidade do 7º Distrito Policial de Osasco. A promotora de Justiça Priscila Longarini Alves justificou o pedido apontando que existem elementos que demandam investigação sobre possível crime contra a dignidade sexual.
Mesquita, por sua vez, nega a acusação. Ele sustenta que a cena foi previamente combinada com Juliana e que toda a interação fazia parte de uma “brincadeira” no contexto do programa. Em abril, o apresentador ingressou com uma ação de R$ 50 mil contra a comediante, valor que diz pretender destinar à ONG Recomeçar.
A defesa de Juliana considera a ação movida pelo apresentador “descabida” e afirma que o episódio configura crime de estupro conforme a legislação brasileira, mesmo sem penetração, pela prática de atos libidinosos com emprego de força.
Em entrevistas e publicações nas redes sociais, Juliana relatou que, após o episódio, chegou a ser trancada em banheiros da emissora para evitar contato com Mesquita, mesmo sem ele estar oficialmente escalado para participar do programa. A humorista diz que formalizou a denúncia no setor de compliance do SBT no ano passado, mas acabou demitida em fevereiro, após 11 anos de trabalho.
O apresentador afirma ter sido surpreendido com a acusação tantos anos depois e reforça que sua ex-esposa e seu filho estavam presentes no palco no dia da gravação.
“Sinto muito se exagerei na brincadeira, mas, vendo com o olhar atual, sei que não repetiria. A distância entre o que aconteceu e um estupro é gigantesca” , disse.
O SBT, em nota, afirmou que tomou “todas as providências cabíveis” por meio de seu Departamento de Governança Corporativa.
O inquérito segue em andamento, sem prazo divulgado para conclusão.