Pecuaristas, o Pantanal é uma região de beleza singular e de extrema importância para a pecuária brasileira. No entanto, sua dinâmica única de cheias e secas exige um manejo e uma escolha de forrageiras muito específicos. Assista ao vídeo abaixo e confira as recomendações.
Lucas Cardoso, de Dois Irmãos do Buriti, no estado de Mato Grosso do Sul, busca a pastagem ideal para sua propriedade nessa região desafiadora.
Nesta segunda-feira (28), o engenheiro agrônomo Wagner Pires, especialista em pastagens, consultor do Circuito da Pecuária e autor do livro “Pastagem Sustentável de A a Z”, respondeu a essa dúvida no quadro “Giro do Boi Responde” do programa Giro do Boi.
Ele destacou a importância da pecuária para a manutenção do Pantanal e as gramíneas que melhor se adaptam a esse ciclo de alagado e seca.
A pecuária como guardiã do Pantanal
Wagner Pires inicia ressaltando que a pecuária no Pantanal é uma “bênção para o meio ambiente”. Sem o gado pastejando, haveria um crescimento descontrolado do capim, que se tornaria fenado, seco e altamente propenso a incêndios.
A convivência entre a pastagem e o Pantanal é extremamente saudável, pois o gado mantém a área limpa e atua como um protetor natural contra o fogo.
A pecuária é, portanto, essencial para a preservação do bioma, mostrando um exemplo de harmonia entre produção e natureza.
Gramíneas estratégicas para o Pantanal
Para o Pantanal, é fundamental escolher gramíneas que consigam interagir e se adaptar tanto ao período das cheias quanto ao da seca. Wagner Pires sugere algumas opções estratégicas que demonstram bom desempenho para a região:
- Braquiária humidicola: Conhecida por sua notável resistência a solos úmidos e boa adaptação a condições adversas de alagamento.
- Dictyoneura: Outra braquiária que apresenta um desempenho satisfatório em áreas com grande variação hídrica, suportando tanto a imersão quanto a seca.
- Setaria kazungula: Uma opção muito boa e comprovada para as condições específicas do Pantanal, oferecendo boa massa forrageira.
- Braquiária cayman: Uma braquiária híbrida que também se mostra bastante eficaz e adaptável aos extremos climáticos da região.
Essas forrageiras são reconhecidas pela sua capacidade de suportar o complexo ciclo de alagamento e seca, mantendo a produtividade da pastagem e garantindo alimento para o rebanho ao longo do ano.
Novidades no mercado: o Panicum Igapó
O especialista também trouxe uma excelente novidade para os pecuaristas do Pantanal: um novo panicum que promete ser um divisor de águas para as áreas de baixada e aquelas que se encharcam com facilidade.
Este panicum, que será oficialmente chamado Igapó, é altamente adaptado a lâminas d’água e tem o potencial de revolucionar a pecuária nessas condições desafiadoras.
A previsão é que as sementes desse material inovador estejam disponíveis para aquisição e plantio já em 2026. Produtores, fiquem atentos, pois em breve teremos mais informações sobre essa alternativa promissora que pode transformar a gestão de pastagens em áreas alagáveis.
Para otimizar ainda mais o uso da pastagem, Wagner Pires recomenda enfaticamente um bom piqueteamento e divisão da propriedade.
Essas práticas simples, mas essenciais, permitem aproveitar melhor a forragem disponível, especialmente no final do período das águas e no início da seca, garantindo a sustentabilidade e a resiliência da pecuária pantaneira.