sábado, 19 de julho de 2025

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Obesidade infantil cresce no mundo e exige atenção

A obesidade infantil é uma preocupação crescente
em escala global. Segundo a World Obesity Federation, cerca de 158 milhões de
crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos vivem atualmente com excesso de peso.
A projeção é alarmante: até 2030, esse número pode chegar a 254 milhões.

A pediatra Dra. Gabriela Oliani, da Santa Casa
de São Roque, unidade administrada pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas
“Dr. João Amorim” em parceria com a Prefeitura da cidade, alerta que fatores
genéticos e hereditários são responsáveis por 55% a 80% da variação individual
nos casos de obesidade. “Isso mostra
que, embora alimentação e atividade física sejam fundamentais, a predisposição
genética tem grande impacto no desenvolvimento da condição
”,
explica.

Antes visto como um problema restrito a países
de alta renda, o sobrepeso infantil tem avançado de forma significativa em
nações de baixa e média renda, tornando-se uma preocupação mundial.

Dra. Gabriela destaca que a formação dos padrões
alimentares começa ainda na gestação, já que a variedade da dieta da gestante
pode expor o feto a moléculas palatáveis e influenciar preferências alimentares
futuras.

A amamentação, por sua vez, é fator protetor
contra a obesidade, e uma introdução alimentar adequada favorece a formação de
bons hábitos desde cedo. “A prevenção
começa na base da família. As idades críticas são aquelas que envolvem mudanças
nos padrões de vida, como o início da escolarização e a socialização na
primeira infância.”

Entre os riscos à saúde associados à obesidade,
a pediatra aponta consequências de curto prazo, como distúrbios respiratórios,
dores articulares, alterações alimentares e baixa autoestima. Já no longo
prazo, há maior probabilidade de desenvolvimento de diabetes tipo 2,
hipertensão arterial e síndromes cardiovasculares na idade adulta.

A profissional também alerta para os ambientes
obesogênicos, que facilitam o acesso a alimentos ultraprocessados e estilos de
vida sedentários, contribuindo para o agravamento do problema.

“A exposição precoce a telas,
por exemplo, influencia negativamente a alimentação, estimula o consumo de
alimentos calóricos por meio de publicidade e reduz a qualidade e a duração do
sono. A recomendação é limitar o tempo de tela a, no máximo, duas horas por
dia.”

A médica destaca que é preciso adotar uma
abordagem multifatorial, com incentivo a dietas saudáveis, prática regular de
atividade física, controle do sono e envolvimento familiar. “Crianças
estimuladas desde cedo conseguem compreender e adotar bons hábitos,
especialmente quando se sentem valorizadas e participam das decisões
alimentares.”

Ela ainda enfatiza a importância de um suporte
integrado, com médicos, nutricionistas e psicólogos, e a prática esportiva
regular: ao menos três vezes por semana, por 50 minutos.

Complementando as ações familiares, Dra.
Gabriela defende o papel fundamental das escolas na prevenção. “A criança,
quando bem orientada, replica em casa o que aprende na escola e pode até
influenciar positivamente os pais.”

A especialista reforça, ainda, a necessidade de
olhar para os impactos emocionais da obesidade infantil. “Problemas
como ansiedade, bullying, baixa autoestima e até depressão estão associados ao
excesso de peso. Por isso, é essencial promover uma imagem corporal saudável,
baseada na aceitação, em hábitos positivos e no esforço individual, e não
exclusivamente na perda de peso. Sempre explico às famílias: primeiro a gente
muda os hábitos. Depois, os resultados vêm naturalmente.”

Além disso, garantir um ambiente urbano seguro e
adequado para a prática de atividades físicas também é parte da solução. “Precisamos de
praças zeladas, centros esportivos ao ar livre e políticas que incentivem o
esporte e a convivência social. A prevenção da obesidade infantil começa em
casa, mas deve ser responsabilidade de toda a sociedade.”


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