Subiu para 238 o número de equinos mortos após o consumo de rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. A informação foi confirmada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que segue em investigação ampliada desde a primeira denúncia oficializada em 26 de maio.
Até o último dia 5, o número era de 222 mortes. Com novos relatos de criadores, os dados vêm sendo atualizados, embora parte dos casos ainda não tenha sido formalmente registrada na Ouvidoria do Mapa, o que dificulta a apuração.
Relatos apontam casos além dos números oficiais
Relatos adicionais de criadores indicam que o número real de morte de equinos pode ser ainda maior. Entre as ocorrências não oficialmente registradas na Ouvidoria, há informações de 70 mortes em Goiânia (GO), 40 no sudoeste da Bahia, além de dezenas de casos em cidades do interior de São Paulo e Minas Gerais. No entanto, por não terem sido formalizadas, essas ocorrências ainda não integram os dados oficiais.
Análises laboratoriais revelam substância tóxica
Durante a apuração, técnicos do Mapa identificaram a presença de alcaloides pirrolizidínicos em amostras das rações suspeitas. A substância é tóxica e incompatível com a segurança alimentar animal, especialmente no caso de equídeos. Diante da gravidade, o Ministério instaurou processo administrativo, lavrou auto de infração e determinou a suspensão cautelar da fabricação e comercialização de rações destinadas a cavalos, mulas e jumentos.
A medida foi posteriormente estendida para rações de todas as espécies animais produzidas pela empresa. A Nutratta chegou a ser notificada a recolher os lotes contaminados, mas, até o momento, não apresentou documentação que comprove a conclusão do recolhimento.
Apesar das sanções, uma decisão judicial autorizou parcialmente a retomada da produção da empresa, com a condição de que se limite às rações que não são destinadas a equídeos. O Ministério recorreu da decisão, apresentando novas evidências técnicas que apontam risco sanitário e sustentam a necessidade de manter as restrições preventivas.
Ministério reforça canal de denúncia e alerta criadores
O Mapa reforça que todas as denúncias devem ser feitas por meio da Ouvidoria oficial, que é o canal responsável pelo registro e acompanhamento dos casos. Médicos veterinários, criadores e tutores são orientados a colaborar com o envio de informações detalhadas, como fotos, vídeos, laudos ou amostras, para facilitar a apuração e evitar novos episódios.
Considerada uma das maiores crises sanitárias envolvendo equinos nos últimos anos, o caso tem gerado preocupação entre os criadores e reforça a importância do controle de qualidade e da rastreabilidade na nutrição animal. A recomendação é que se redobrem os cuidados com a origem dos insumos oferecidos aos plantéis, especialmente em rebanhos de alto valor zootécnico.