Durante a sessão desta terça-feira (08), a vereadora Luiza (PT) denunciou o retorno da chamada Folha Secreta na administração da prefeita Adriane Lopes (PP), agora disfarçada sob o nome de “Outros Pagamentos”. Segundo a parlamentar, Campo Grande enfrenta não apenas uma crise administrativa, mas o aprofundamento de um projeto de poder que privilegia uma elite da máquina pública, enquanto a maioria da população é empurrada para a margem.
A manobra, que ganhou notoriedade pelas irregularidades nos anos de 2022 e 2023, continua ativa com pagamentos ilegais e acima do teto constitucional. A diferença, agora, é que os valores são publicados oficialmente no Portal da Transparência, sob rubricas genéricas que dificultam o controle e a fiscalização.
“O nome mudou, mas o esquema segue o mesmo. A apropriação indevida de recursos públicos continua sendo a prática de quem governa para poucos”, afirmou a vereadora Luiza.
O caso mais escandaloso citado por Luiza é o do procurador municipal Gustavo di Luca Fiche, que, apenas em maio de 2025, recebeu mais de R$ 60 mil brutos. Desse total, R$ 30.366,34 líquidos aparecem na rubrica “outras remunerações”, sem qualquer desconto detalhado. No mesmo mês, a atual secretária de Fazenda, Márcia Helena Hokama — uma das figuras mais próximas da prefeita — recebeu R$ 30.043,75 líquidos, também inflados por valores obscuros fora do salário base.
“Esses supersalários violam o teto constitucional. Não há maquiagem contábil que disfarce a ilegalidade. Enquanto isso, servidores de base continuam sem reajuste, guardas municipais seguem sem adicional de periculosidade, e profissionais da enfermagem não recebem insalubridade. É uma afronta à legalidade e ao princípio da moralidade pública”, declarou a vereadora.
Segundo Luiza, a Folha Secreta da gestão Adriane custou mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos entre 2022 e 2023. Além disso, a prática levou à sonegação de tributos federais, pela omissão no recolhimento do imposto de renda devido.
A vereadora também criticou o aumento do valor da coparticipação dos servidores em consultas e exames médicos, ao mesmo tempo em que a elite do poder executivo é blindada com bônus e privilégios. “Essa ‘nova folha secreta’ sustenta uma casta privilegiada, que governa com bônus e cargos comissionados, enquanto a maioria da cidade é abandonada à própria sorte”, afirmou.
Por fim, Luiza Ribeiro anunciou que apresentará representações formais ao Tribunal de Contas, ao Ministério Público Estadual e à Receita Federal para que as ilegalidades sejam investigadas e os responsáveis responsabilizados. “Não podemos naturalizar que familiares da prefeita, secretários e altos cargos comissionados tenham acesso a cifras inalcançáveis para o cidadão comum. Campo Grande precisa de justiça fiscal, transparência e respeito com o dinheiro público.”