Na terceira fase da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Público da Câmara Municipal de Campo Grande, que investiga o Consórcio Guaicurus, o vereador Maicon Nogueira e os demais membros da Comissão ouviram nesta segunda-feira (16), o ex-diretor presidente da empresa, João Rezende e Leonardo Dias Marcello, diretor jurídico-administrativo do Consórcio.
O parlamentar aproveitou para reafirmar seu compromisso com a verdade e trabalhar em prol da população. “Não abro mão do meu papel e não me intimido. Sentaram outras pessoas aqui e foram cobradas de maneira veemente e não será o senhor que será menos cobrado. Este serviço é péssimo, é horrível e a maneira que essa empresa trata os funcionários é sofrível. Então não vou perder a oportunidade de olhar dentro dos seus olhos e dizer a verdade. Não tenho medo do senhor, nem de quem possa mandar mensagem anônima, nem de ex-diretores ou atuais diretores”, disse ao ex-diretor da empresa investigada.
Maicon Nogueira iniciou questionando qual a relação do Consórcio Guaicurus com a empresa Paint, e por que a contrataram. João Rezende afirmou que a mesma foi contratada para fazer uma pesquisa de origem e destino. “Ela é especializa em logística, em assuntos relacionados a mobilidade urbana com atuação no Brasil inteiro e vários países na América do Sul”, justificou.
INFLUÊNCIA
Ao ser questionado sobre sua relação com o ex-diretor da Agetran Janine de Lima Bruno, João Rezende respondeu que era institucional, porém antes de ser secretário, o mesmo prestou serviço para o Consórcio. O vereador perguntou se o ex-diretor influenciou a indicação dele para ser o presidente da Agência de Trânsito e João Rezende negou.
O vereador disse que durante as inspeções identificou muitos ônibus parados e questionou sobre a manutenção preventiva. João explicou que existe a orientação do próprio fabricante com relação a manutenção preventiva. “Ela tem essas modalidades quilometragem, por tempo de atuação e se não tiver a preventiva você não dá conta. Rezende assegurou que o Consórcio tem como comprovar.
Questionado sobre as medidas adotadas pela empresa em relação aos acidentes aos usuários, saúde dos motoristas e para os terceiros, o ex-diretor garantiu que se a culpa é do Consórcio as pessoas são devidamente indenizadas, e em relação ao motorista, a empresa segue as normas da CLT e conforme o contrato de trabalho.
INDENIZAÇÃO
Durante a oitiva, o parlamentar citou um caso onde um motorista, durante um acidente, em uma falha de freio, ocasionou a perda total do veículo. “Vocês já chegaram a cobrar cem por cento dessa indenização? Parcelada em 153 meses? De um único motorista? O ex-diretor alegou que não se lembrava do caso. “Percorremos dias sem acidente de trânsito, Não tenho essa lembrança, mas me comprometo a apurar e mando para o senhor as informações”, disse.
Já durante a oitiva do Leonardo Dias, o mesmo foi questionado pelo vereador Maicon Nogueira sobre a possibilidade de dilação de prazo para aumentar a capacidade financeira da empresa. O mesmo explicou que dentro do contrato de concessão existe essa possibilidade, tanto que o prazo para a amortização dos investimentos é 20 anos prorrogável por mais 10. “Essa prorrogação de 10 anos já tem a natureza justamente para isso”, afirmou.
Ele ainda explicou que hoje a posição da empresa não é encerrar o contrato. “Não podemos ver essa forma da rescisão do contrato como uma premiação para inadimplemento da prefeitura. Ela firmou um contrato e também tem direito e obrigações. Então rescindirmos um contrato com um passivo enorme como foi levantado seria como premiar a administração no descumprimento e a falta de seriedade de se encarar um contrato administrativo”, finalizou.