A artista e ativista Paloma Alecrim, que vive com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), fez um desabafo nas redes sociais após enfrentar uma situação de extremo constrangimento durante um voo.
Segundo ela, o banheiro acessível estava trancado e, ao pedir ajuda à tripulação da LATAM, recebeu uma resposta cruel.
“Durante um voo, precisei urgentemente usar o banheiro, e me informaram que a chave do banheiro acessível para PcD estava trancada. Ao pedir ajuda, a resposta da comissária foi cruel e desumana: ‘Então ca** no chão’”, escreveu.
Sem alternativa, Paloma afirmou que foi obrigada a trocar a fralda na área da cozinha do avião, diante da tripulação e de outros passageiros. O relato, publicado com imagens e desabafos, já gerou forte repercussão nas redes.
“Sou uma mulher com deficiência, negra, baixa renda, artista, ativista. O que vivi com essa companhia aérea foi humilhante, violento e desumano. Estou emocionalmente abalada e fisicamente esgotada.”
Em nota ao iG Turismo, a LATAM Airlines Brasil esclareceu que a tripulação do voo LA8087 (Los Angeles–Guarulhos), realizado em 18 de abril, prestou toda a assistência necessária à passageira e ao seu acompanhante.
Segundo a companhia, durante o voo, o acompanhante solicitou o uso do toalete para a troca de fraldas da passageira. Com o objetivo de oferecer mais conforto e espaço para o procedimento, os comissários disponibilizaram uma área mais ampla, isolada por cortinas, a fim de garantir a privacidade de ambos.
A LATAM nega qualquer tipo de tratamento desrespeitoso à passageira.
Para o advogado Rodrigo Alvim, especialista em Direito dos Passageiros Aéreos, a companhia pode ser responsabilizada judicialmente pelo episódio.
Mesmo que a empresa alegue ter tentado contornar a situação no momento, o especialista reforça que há uma obrigação legal de garantir acessibilidade plena durante o voo.
“A passageira teria direito de usar o banheiro com acessibilidade. É um direito que os passageiros com necessidades especiais têm. Até por isso que esse banheiro existe e ele deveria estar em condições de ser aberto”, pontua.
Segundo Alvim, a cena descrita por Paloma representa não só uma falha no dever de assistência, mas um claro desrespeito à dignidade humana.
“Ela teve que se trocar na cozinha, uma ação extremamente desagradável para ela. Então, nasce para o direito a uma ação com reparação por danos morais contra a companhia. Uma situação extremamente desagradável para ela e vexatória” , diz.
“A companhia tem que oferecer para passageiros, portadores de necessidades especiais toda a assistência necessária. É o mínimo”, conclui o advogado.