Pesquisadores da Universidade Tsinghua constroem um hospital totalmente simulado, com IA interagindo em tempo real, diagnosticando e aprendendo sozinha
A China acaba de dar um passo ousado rumo ao futuro da medicina com a criação de um hospital inteiramente virtual, onde todos, de pacientes a médicos, são agentes autônomos movidos por inteligência artificial.
Batizado de ” Agent Hospital “, o projeto é fruto de uma colaboração entre o Instituto de Pesquisa da Indústria de IA e o Departamento de Ciência da Computação da renomada Universidade Tsinghua.
No ambiente simulado, cada etapa do atendimento é replicada com precisão: desde os primeiros sintomas, passando pela triagem, registro, consulta, exames, diagnóstico, até a prescrição, reabilitação e acompanhamento do paciente. Tudo isso realizado sem qualquer intervenção humana direta, usando modelos avançados, como GPT-3.5 e GPT-4.0.
Visão geral do Hospital Agente
Em um dos cenários de demonstração, um paciente virtual chamado Kenneth Morgan procura atendimento após relatar sintomas. Ele é avaliado pela enfermeira de IA Katherine Li, direcionado para o setor correto e posteriormente diagnosticado e tratado pelo Dr. Robert, outro agente inteligente. Morgan, então, segue as orientações médicas e informa remotamente sua recuperação (um ciclo que se repete quantas vezes forem necessárias para treinamento do sistema).
Segundo os desenvolvedores, os agentes não apenas executam tarefas médicas, mas também aprendem e aprimoram suas habilidades de forma contínua, simulando o processo cognitivo de profissionais reais. O algoritmo que possibilita essa autoevolução foi batizado de MedAgent-Zero, que combina aprendizado teórico (via análise de literatura médica) e prático, por meio de interações com pacientes simulados.
A base de dados já inclui registros de dezenas de milhares de pacientes virtuais com oito doenças respiratórias, como COVID-19 e Influenza A e B. Para comparação, enquanto um médico humano leva cerca de dois anos para atender 10 mil pacientes, o agente de IA faz isso em apenas alguns dias.
De acordo com a MIT Technology Review, a iniciativa também levanta preocupações éticas e desafios. A simulação atualmente cobre apenas doenças respiratórias e ambientes controlados, mas a equipe já trabalha para expandir para quadros clínicos mais complexos, além de aprimorar a interação dos agentes com diferentes perfis de pacientes.
Especialistas internacionais ouvidos pela publicação alertam que, embora a tecnologia seja promissora para treinamento e suporte, ela não substituirá a empatia, o julgamento humano e a experiência prática dos médicos — pelo menos não tão cedo.