A geração Z não é frágil
Durante muito tempo, a régua de sucesso no trabalho foi a mesma: estabilidade, carteira assinada, 8 horas por dia, aposentadoria no fim. Só que essa régua está trincada – e quem aponta a rachadura não são os mais velhos, são os mais novos.
Eles não sonham com o cargo de gerente, nem com um carro na garagem. Às vezes, nem com a própria garagem. E isso incomoda. Como se o fato de recusarem o roteiro que seguimos fosse uma ameaça direta à nossa história. É mais fácil chamar de preguiça do que encarar que talvez tenhamos romantizado um modelo esgotado.
Foi sobre isso que conversei com Maíra Blasi no novo episódio do Inteligência Orgânica. Maíra é consultora, estrategista e uma das vozes mais lúcidas quando o assunto é o futuro do trabalho. Ela não cai no clichê fácil de endeusar a juventude, mas também não entra na armadilha de demonizá-la. O que ela propõe é mais incômodo: olhar com empatia e com dados.
Falamos sobre semana de 4 dias, sobre burnout aos 25, sobre empresas que ainda operam como se estivessem em 1998, sobre jovens que querem trabalhar, mas não desse jeito. E também sobre o nosso cansaço – esse cansaço que herdamos e chamamos de resiliência.
A Geração Z não é ruidosa por natureza. Ela só está tentando gritar no meio de um sistema que foi montado sem a participação dela. E se a gente parar de reagir com ironia ou superioridade, talvez escute o que realmente está sendo dito: ninguém quer ser tratado como máquina. Nem mesmo no trabalho.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG