terça-feira, 13 de maio de 2025

Rádio SOUCG

  • ThePlus Audio

Brasa, Fé e Coragem

Salve, salve simpatia!

Segunda -feira, bora falar dos guerreiros empreendedores das quebradas, hoje vamos saber como começou a famosa COSTELA DO LÚ!

Empreender na favela exige mais do que vontade, exige disciplina, resiliência e um tipo especial de fé que só nasce em quem aprende desde cedo a transformar escassez em criatividade.

É acordar antes do galo cantar,  tentar dormir depois de um dia pesado, e mesmo assim continuar sonhando entre uma entrega e outra.
É confiar quando ninguém aposta, é insistir quando tudo manda parar.

Lu sempre gostou de fazer assados para a família nos finais de semana. Era seu momento de carinho, de reunião e cuidado.
Os elogios eram constantes: “Você devia vender isso!” — diziam os parentes.
Mas ele não acreditava, cozinhar era só um gesto de afeto, não um plano de vida.

Até que em 2014, apertado por necessidades financeiras, resolveu tentar.
Comprou uma churrasqueira a bafo e montou na frente da viela onde morava, no Jardim Macedônia, zona sul de São Paulo.
No primeiro fim de semana, não vendeu nada.

Mas a quebrada ensina a não desistir no primeiro tropeço. Lu começou a divulgar seus assados no Facebook.
Vieram os primeiros pedidos, as primeiras entregas.
Na época, ele ainda trabalhava como motorista particular e acreditava que se aposentaria nessa profissão.

Seis meses depois, o dono do açougue onde comprava carne, o Sr. Levi, ofereceu seu estacionamento como ponto de venda.
Lu aceitou, no primeiro dia ali, vendeu tudo. Foi o início de uma nova fase.

Ficou oito anos nesse local, conquistou clientela, aprimorou receitas, venceu desafios diários.
Decidiu então investir num food truck, pegou estrada, viajou pelo estado. Onde estacionava, chamava atenção, onde assava, deixava saudade!

E em abril de 2025, Lu deu um novo passo, abriu seu primeiro restaurante.
Um recomeço, porque o verdadeiro empreendedor, especialmente o da favela, está sempre pronto para recomeçar.

Nunca fez curso de culinária, nunca pensou em ser cozinheiro, o que era pra ser uma renda extra virou seu propósito de vida.

Hoje, vive da costela, conquistou sua casa própria.
Mudou-se para ela no início da pandemia e, mesmo nos dias difíceis sem poder trabalhar, não pensou em desistir.
Sempre acreditou que Deus tinha um propósito.

Lu aprendeu que empreender não é fácil, cada dia, uma nova dificuldade, mas ele nunca colocou o dinheiro como foco.
O objetivo sempre foi servir comida como se estivesse servindo à própria família.
É por isso que funciona, o dinheiro virou consequência de um trabalho feito com alma.

Hoje aos 42 anos, ele deixa uma lição clara:

 “Se você quer empreender, faça com amor, dedicação, e muita verdade. Sirva com carinho, como se fosse para quem você mais ama. Porque às vezes, uma simples costela pode mudar uma vida inteira.”

É desse jeito que nasce a potência da favela.

Na disciplina de quem acorda cedo com o barulho do sonho.
Na coragem de quem enfrenta o dia com pouco, mas nunca com medo.
Na criatividade de quem pega um prato cheio, e enxerga receita de futuro.

Lu é só um dos muitos que mostram que a quebrada não pede esmola, ela pede espaço!
E quando tem, transforma carvão em caminho, fumaça em destino e suor em vitória.

Essa é a força do empreendedor da periferia, aquele que assa seus sonhos na brasa da persistência e serve esperança em cada pedaço.

gente.ig.com.br

Enquete

O que falta para o centro de Campo Grande ter mais movimento?

Últimas