segunda-feira, 28 de abril de 2025

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Conectividade cobre 66,5% da área de cana e evidencia relação com produtividade

Estudo inédito realizado pela ConectarAgro, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), revelou que 66,5% da área produtiva de cana-de-açúcar no Brasil já conta com cobertura móvel 4G ou 5G.

A pesquisa identificou que na safra 2022/23 o Brasil possuía 9,3 milhões de hectares plantados com a cultura. Desse total, 6,19 milhões de hectares têm acesso à internet móvel de alta velocidade, possibilitando a implementação de soluções tecnológicas como sensoriamento remoto, monitoramento em tempo real e máquinas autônomas.

Os estados líderes na produção da cultura também são os mais conectados. São Paulo, maior produtor do país, possui 5,6 milhões de hectares cultivados e 76% dessa área com cobertura móvel. Em seguida vêm Minas Gerais, com 53% da área coberta e Goiás, com 37%.

A pesquisa mostra que o ranking dos municípios mais conectados, três apresentam 100% de cobertura móvel sobre suas áreas cultivadas: Fernando Prestes, Novais e Iracemápolis, os três no estado de São Paulo.

Em contrapartida, grandes áreas produtoras como Alto Araguaia, em Mato Grosso, e Itaquiraí, em Mato Grosso do Sul, ainda não contam com conectividade móvel, evidenciando a necessidade de investimentos para ampliação da infraestrutura digital.

Irrigação e conectividade

Além da conectividade, o estudo da ConectarAgro e da UFV também analisou a prática da irrigação na canavicultura e sua relação com a infraestrutura digital.

A pesquisa mostrou que apenas 1% da área total cultivada com cana no Brasil é irrigada. Dentre os municípios que mais utilizam o sistema, Juazeiro, na Bahia, lidera com 19.877 hectares irrigados, seguido por Jaíba, com 11.835 hectares e Paracatu, com 6.800 hectares, ambos em Minas Gerais.

O estudo também revelou que a conectividade móvel acompanha essa tendência em algumas regiões: em Juazeiro, 69% da área irrigada tem cobertura móvel 4G ou 5G, enquanto em Jaíba esse percentual é de 74%.

Por outro lado, a pesquisa indica que ainda há desafios a serem superados. Um exemplo é Unaí, em Minas Gerais, que tem 86% de sua área cultivada com cana irrigada, mas não possui conectividade móvel sobre essas áreas.

No estudo, a ConectarAgro e a UFV destacam que a conectividade no campo permite não apenas a automação e otimização da produção, mas também a disseminação do conhecimento entre os produtores rurais.

Isso porque o acesso à internet viabiliza assistência técnica remota, cursos online e consulta de dados estratégicos, tornando-se um diferencial competitivo para o setor sucroenergético.

infográfico conectividade no campo
Imagens: Reprodução ConectarAgro

O estudo destacou uma correlação relevante entre níveis de conectividade e produtividade em áreas irrigadas. Em Fernando Prestes, São Paulo, município com 100% de cobertura móvel, a produtividade atinge 85.000 kg/ha. Já em Alto Araguaia, Mato Grosso, que não dispõe de cobertura móvel, esse índice é de 47.470 kg/ha.

“Vale lembrar que essa relação não quer dizer, necessariamente, que uma coisa causa a outra. A produtividade no campo depende de vários outros fatores, como o clima, a altitude, o tipo de solo, a temperatura e até o jeito como a terra é cuidada”, ressalta a presidente da ConectarAgro, Paola Campiello.

municípios com menos conexãomunicípios com menos conexão

Contudo, segundo ela, regiões com maior cobertura digital demonstram melhor aproveitamento dos recursos naturais, maior eficiência na gestão da produção e menores perdas.

“A ausência de conectividade em determinadas regiões não impacta apenas a digitalização da produção, mas também compromete a qualidade de vida dos trabalhadores do campo. Estar desconectado significa, muitas vezes, estar afastado da própria família, das oportunidades de qualificação online e até de serviços básicos que hoje dependem da internet. Essa realidade tem dificultado a retenção de talentos no setor, especialmente entre os profissionais mais jovens e qualificados, que buscam qualidade de vida aliada à perspectiva de crescimento profissional. A conectividade, portanto, também é um fator-chave para manter o capital humano no campo”, complementa Paola.

Para ela, ainda há um longo caminho a ser percorrido para garantir que toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar tenha acesso às mesmas oportunidades tecnológicas.

A executiva destaca que a expansão da conectividade será fundamental para impulsionar a produtividade, reduzir desigualdades regionais e fortalecer a posição do Brasil como líder global no setor sucroenergético.

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